Desde que a Comissão Nacional de Eleições (CNE) divulgou os resultados das eleições, o cenário pós-eleitoral em Moçambique tem sido marcado por manifestações e tensões que abalam o equilíbrio social do país. Neste contexto, vimos o Presidente da República adoptar uma postura louvável ao abrir espaço para o diálogo com várias camadas da sociedade, numa tentativa clara de encontrar soluções para os desafios que nos assolam. Contudo, a pergunta que ecoa nos corações dos moçambicanos é clara: qual é, afinal, o resultado destas consultas?
É inegável que a disposição para ouvir é um gesto importante. Reunir-se com candidatos as eleições presidências, reitores e representantes de diferentes grupos sociais demonstra um compromisso com a inclusão e a busca pela paz. Contudo, até ao momento, o país aguarda, ansioso, por medidas concretas que possam resolver os problemas na raiz e não apenas apaziguá-los temporariamente.
Senhor Presidente, a solução para esta crise não pode residir apenas em gestos simbólicos ou na diplomacia dos discursos. Moçambique precisa de acções claras, tangíveis e sustentáveis. As manifestações pós-eleitorais são um sintoma de problemas mais profundos: o descontentamento com o processo eleitoral, a percepção de falta de transparência e, acima de tudo, o sentimento generalizado de exclusão política e económica de uma parte significativa da população. Sem resolver estas questões estruturais, qualquer solução será apenas paliativa.
Perguntamos: onde estão as propostas concretas? O povo espera respostas em relação às reformas eleitorais, ao fortalecimento das instituições democráticas e à promoção de um verdadeiro diálogo nacional que inclua todas as vozes. Há vontade política para enfrentar estas questões com a seriedade que merecem? Há coragem para implementar mudanças que possam desagradar a alguns, mas que beneficiarão a nação como um todo?
O momento exige liderança firme e decisiva. Parar esta situação é possível, sim, mas requer um compromisso genuíno com a justiça e com os princípios democráticos. O povo moçambicano tem demonstrado resiliência ao longo da sua história, mas também é evidente que a paciência está a esgotar-se. Não podemos continuar a permitir que o país se afunde em ciclos de crise que destroem vidas, sonhos e o futuro das próximas gerações.
Moçambique chora. Chora pelas vidas perdidas, pela instabilidade económica e pela falta de perspectivas para um amanhã melhor. Este é o momento para a liderança nacional mostrar que está à altura do desafio. As palavras precisam de se traduzir em acções. O país não pode mais esperar.
Senhor Presidente, a sua influência pode ser o catalisador de uma transformação positiva. Que as consultas realizadas sejam mais do que um gesto; que sejam o ponto de partida para uma mudança real e duradoura. O povo precisa de soluções, não de promessas. O momento de agir é agora.