Todos anos, a estas alturas, o nosso país regista chuvas intensas ou moderadas, isto varia de região para região, mas em termos gerais, tem sido chuvas muito intensas, acompanhadas de ventos e até ciclones. Até porque, de Outubro a Março, de acordo com as autoridades, estamos na época chuvosa, daí, várias acções de contingência são necessárias.
Recentemente, a nossa cidade em particular, foi assolada por uma chuva de “venha ver”, depois de tantos meses de calor intenso que até já havia começado a criar especulações daquelas do tipo “amarra-chuva”. Mas prontos, Deus ouviu o nosso clamor e abriu as torneiras. Choveu, mas choveu bem mesmo.
As mamãs das machambas ficaram felizes, outras nem tanto porque os campos ficaram inundados, pior que algumas não haviam lançado o arroz.
Enfim, é assim a vida.
Ora, voltando a nossa cidade e as suas chuvas. Sempre que chove, os problemas de escoamento das águas a inundações nos bairros são frequentes. Os sábios dizem que Quelimane está abaixo do nível médio do mar, ora porque não se podia viver por ter sido machamba, enfim, várias narrativas ouvem-se quando chove.
Falando do escoamento das águas, o sofrimento que se vive nos bairros suburbanos da nossa urbe, mesmo com as campanhas de limpeza das valas, faz crer mesmo que isto era machamba. Ver bairros como Manhaua, Micajune, Santagua, Mapiazua, Brandão, etc, só para citar alguns exemplos, faz-nos perceber que a chuva tem duas vertentes. Bênção ou maldição.
Neste momento, há famílias que não sabem quando é que voltarão a usar sapatos a partir das suas casas. Alunos que para irem às escolas, já sabem que não precisam usar sapato pela estrada, só a partir dos recintos escolares, claro, alguns recintos.
Mas há coisas que não podemos fingir. Muitas zonas desta cidade, não deveriam ser habitacionais, porque são machambas, só que, com essa epopeia de procura de um pedaço de terra, todos caímos no Dúlio Ribeiro, Nhamhubwa e por aí fora. Por outro lado, a fraca limpeza das valas novas e antigas e as famosas construções desordenadas e por vezes apadrinhadas pelos agentes municipais, colocam as pessoas em situação de vulnerabilidade constante. Vimos o autarca em campanha de limpeza das valas em vários bairros, mas isto não vai resolver o problema, porque lá onde a água deveria ir, alguém construiu prédio e os fiscais do município, viram este prédio desde a fundação até ao betão do primeiro andar. Fizeram o quê? Nada, agora queremos limpar valas.
É preciso ter coragem para cortar alguns males. Veja-se ali no Padeiro, estão a nascer, aliás, já nasceram prédios, todos vimos e quem deveria controlar e travar, não o faz. Quando houver uma intempérie, todos vamos organizar campanhas de apoio para ajudar as famílias.
Chega, chega destas coisas. Temos responsabilidades para que a chuva não seja a culpada dos nossos erros.
Já não há mais Tempo e nem Paciência para isso.