Há quem, se calhar, pensa que isso é só coisa das redes sociais ou coisa de vândalos como sempre apelidaram. Se ainda pensam assim, então devem ter mentalidade vandalizada.
Os acontecimentos registados desde o dia do anúncio dos resultados eleitorais (23 de Dezembro), pelo Conselho Constitucional, são típicos de um país que já não tem nada a perder. Um país em que o seu povo perdeu o medo, ganhou coragem que se calhar não tinha há anos.
O CC foi uma espécie de chave de ignição. As coisas estão cada vez mais a piorar em todo o país, sem excepção. Os relatos de incêndios, vandalismo, saques, mortes, etc, que vemos, são típicos de um país em que a autoridade deve estar na Ponta Vermelha somente. Em todo o país, algumas administrações distritais já não existem. Sedes das Localidades, Postos Policiais, residências dos dirigentes, edifícios de administração da justiça e outros serviços, estão em cinzas, o que vai ser preciso muita “massa” para reconstruir.
O discurso sobre estes cenários tem duas versões. Primeiro discurso, claro dos que ignoram a realidade por causa da barriga, que ainda mantém os protagonistas como vândalos e esgrimem argumentos. Mas outro discurso, mais sensato que analisa as coisas, busca as causas e chega a uma conclusão. Tudo isto é resultado do cansaço do povo, mas também da arrogância de quem deveria fazer coisas melhores.
Eu pessoalmente sou contra essas atitudes anormais de queimar um armazém de medicamentos, partir ou queimar uma escola, ir saquear banca de um pobre igual, isto já tem outro nome. Em conversas de esquina, muitos dizem “se o turbo V8 só está começar, então o país vai se rasgar”. Claro que pode se rasgar mesmo, mas não nos esqueçamos que o rasgo começou quando andamos a brincar de eleições, enchendo urnas, falsificando actas e editais, a CNE brincando de resultados e agora, o CC validando tudo aquilo que viu de errado nas fases anteriores do processo.
Temos de sentar como país e nos perguntarmos: queremos ir aonde? Somos actores chaves de tudo o que se passa. Não há inocentes aqui, temos de sair disto com urgência. Não é o presidente da república em exercício que vai resolver. Chegou a hora do proclamado “rebentar” com os paradigmas partidários e avançar em conversas com o candidato contestatário e organizarem o país que é de todos. Isto não é coisa de partidos, mas sim dos moçambicanos.
Não devem ser os partidos a nos guiarem, porque o país já mudou de vida. É preciso esquecer a arrogância e assumir as coisas, antes que elas caiam no abismo. Sobre a nossa Zambézia, por favor, não deixem a senhora Margarida fazer das suas, porque no fim, ela sairá e nós ficaremos aqui. Tempo e Paciência. Não Falei Nada