O país está em chamas. Não há onde se diga que aqui vale a pena, apesar de vermos duas cidades (Quelimane e Beira), aparentemente calmas, mas isto não é um dado garantido. Aliás, deixa-me dizer que por exemplo, nesta quarta-feira, anoite, algumas zonas de Quelimane tentaram ensaiar actos de queimar pneus na estrada, mas prontamente a polícia foi repor a ordem. Portanto, isto é um indicador claro de que, nada se pode confiar. Sim o país está arder, não só nas ruas, mas também nos corações das pessoas. Instalou-se o ódio entre os principais contendores. Se antes era a Renamo e a Frelimo, agora o xadrez mudou. A luta é a Frelimo e o povo, como resultado das injustiças sociais protagonizadas pelo governo que está na gestão do país há 50 anos. Hoje, não se fala mais nada senão exigência de melhores condições de vida como educação, saúde, emprego, habitação para jovens. Este tem sido o mote das reivindicações. Ora, há quem diga que é instrumentalização dos jovens por parte do candidato Venâncio Mondlane e o PODEMOS. Hoooo são essas narrativas que visam desviar-nos da verdadeira causa. Todos sabemos, incluindo muitos dos que estão a governar que o país não vai bem. Todos sabemos que Moçambique regrediu e tudo ficou confinado a um grupo de pessoas. Essas pessoas que governam, esqueceram-se de prover boa educação, bons cuidados de saúde, boa assistência social as camadas mais vulneráveis. Por exemplo, quando um vovô daquelas que o INAS tem como beneficiário fica 6 meses sem receber os seus 300 meticais, mas em contrapartida, há eventos faustosos de milhões, o que esperamos dos netos daqueles vovós, que alguns deles são beneficiários destes 300 que os seus deveriam receber. Quando não tens carteiras nas escolas, mas a madeira passa em camiões, o que te vem na alma? Quando em hospitais do país, o gesso agora é uma caixa de papelão, isso é mesmo normal e pensamos que o povo não vê e não sente? Aliás, o problema grande disto tudo, centra-se na minha opinião na corrupção generalizada em que um grupo acha que só ele pode ser tudo num país de 30 milhões. Neste tempo de mangas, há pessoas que as suas refeições são estes frutos, mas outro grupo faz-se de esquecido. Dizia-me o malogrado Bonifácio Gruvata, aquando das manifestações de 2008, em Maputo que “se ele fosse pé descalço, também iria à rua manifestar” -estive a citar, após uma entrevista que me concedeu no seu gabinete do extinto Gabinete do Plano do Zambeze (GPZ). Naquela altura, penso que o governo aumentou tarifas de água, transporte público e outras despesas e o povo revoltou-se. É preciso compreender que o povo moçambicano não é pacífico, mas sim é paciente. Temos de saber diferenciar estes dois termos. Quer dizer, o povo esperou até onde deu para esperar e agora, ainda mais com questões eleitorais, disse “chega”. Sou contra violência nas manifestações de ambos os lados. Polícia a matar povo e o povo a matar polícias, isto não. Assaltar é vandalizar uma universidade como aquilo que os mocubenses fizeram, não. Aquilo revela falta de agenda dos que foram à rua. Tínhamos tudo para evitar isso tudo? Claro que sim. Mas o governo e as pessoas que rodeiam o presidente da república, se calhar nunca lhe foram honestos. Andaram a tratar as pessoas de vândalos, bêbados, drogados, etc. Aliás, até a teoria da mão externa veio ao de cima. Portanto, para quem está no poder, este povo sozinho não pensa, precisa de um apoio externo. Só que, essas pessoas se esqueçam que também o Estado/Governo, vive da mão externa (há provas). Temos de pensar num país como todo. Venha quem vier e como sempre digo nas minhas conversas, este país já não será o mesmo. O botão do start, pode ser acionado há qualquer momento e o motor aceitar pegar. Tempo e Paciência, mas “Cuidado com a vida”, Precisado Cassamo (1955-2024). Não Falei Nada.
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